PATOLOGIZAÇÃO DO VIVER: DISCUSSÕES A PARTIR DE UM CASO

Autores

  • Helton Marculino de Souza UEL
  • Adriano Luiz da Costa Farinasso UEL

Palavras-chave:

Saúde Mental, Reabilitação Psicossocial, Patologização, Medicalização.

Resumo

Observa-se, na sociedade contemporânea, uma tendência à patologização do viver, acompanhada por um processo de medicalização, que se inicia já desde a infância. Por outro lado, foi proposta uma reorganização da atenção em saúde mental, com foco no cuidado efetuado no território em que a pessoa está inserida e não mais por meio da internação em hospitais psiquiátricos. Tendo em vista estes aspectos, busca-se realizar um estudo teórico-clínico, com o intuito de debater a patologização na atualidade. Assim, é discutido o caso de uma figura pública, recorrendo, para tanto à literatura acerca da Saúde Mental e ao material biográfico de acesso público acerca do indivíduo em questão. Por meio da biografia do sujeito em questão, nota-se que, apesar da presença daquilo que profissionais da saúde nomeariam como sintomas, esta pessoa não se inseriu em serviços de saúde mental, mantendo sua inserção social. Diante disto, reflete-se sobre as formas de cuidado em saúde mental e a importância do respeito à subjetividade do indivíduo e a sua maneira de se colocar no mundo, a despeito do não enquadramento da pessoa nos padrões sociais esperados.

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Como Citar

Souza, H. M. de, & Farinasso, A. L. da C. (2017). PATOLOGIZAÇÃO DO VIVER: DISCUSSÕES A PARTIR DE UM CASO. Revista OMNIA Saúde, 13(1), 26–40. Recuperado de https://omnia.ojsbr.com/omniasaude/article/view/523

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